quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Em pauta: tragédia

-->
Tragédia sf 1. [...] 2. Sucesso funesto, trágico (Aurélio)”. Em tempos de crise econômica, enchentes e homicídios, quem sai ganhando é a mídia. Nos últimos meses podemos ver notadamente o modelo “jornalístico” que se estabelece em nossas emissoras de televisão. Não sou nenhum perito para estabelecer parâmetros, mas como simples leigo e telespectador, interpreto, tapo olhos e ouvidos, mas não me calo.

Nos meses passados, assistimos a mais um episódio (ou mais um crime) corriqueiro em nossas telinhas. E o melhor de tudo, parecia até novela. Um rapaz apaixonado segrega sua ex-namorada no apartamento coagindo-a para que com ele retome o relacionamento, mas esta se mantém firme e não atende ao pobre rapaz. Parece cena de novela? Brincadeira? Mas é assim que tratam o caso em nossas emissoras de TV. A luta por audiência corrompe e abafa aquilo que chamam de ética. Aliás, ética, o que é isso mesmo?! Houve até “jornalista” tentando negociar com o “seqüestrador”. Sendo assim, quem precisa de policiais para resolver o caso, não é mesmo? A TV faz isso por eles... pensa, age e condena por nós.

Prosseguindo nessa exegese, aprendi nos meus primeiros meses na faculdade de Direito, que o direito de uma pessoa termina onde começa o da outra. Claro que é um simples paradigma. Mas nos remete a uma breve reflexão. Até que ponto prevalece o interesse público pela informação (hoje não mais sujeita à censura prévia)? Não é uma pergunta sem resposta, pelo menos teoricamente. A barreira encontra-se justamente na dignidade da pessoa. Mas, se não sabemos nem mais o que é ética, creio que dignidade também não se encontra no topo de nossa lista de valores.

Como disse, não sou perito para tratar de assuntos jornalísticos, mas posso ver o que salta aos olhos claramente (e coloridamente). Então, resta a mim (e a você), como fiéis consumidores de imagens e informações, rever onde estamos investindo nossa atenção e tempo. Afinal, “tempo é dinheiro”, e em tempos de crise, é melhor economizar.

Nairo Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário